Antes eu estava deveras preocupada, mas agora estou
demasiadamente triste e desanimada com o rumo que as profissões e profissionais
da SAÚDE E EDUCAÇÃO estão tomando. Eu sou do tempo que o aluno respeitava o,
até então, honorável MESTRE, fosse por respeito ou por medo, mas respeitava. E
que quando não conseguia aprender os conteúdos em sala de aula e acompanhar os demais
colegas, os pais procuravam PROFESSORES particulares
que destinavam total atenção única e exclusiva para a criança e abordava os
assuntos de maior dificuldade, alguns por “medo” ou “vergonha” do filho se
tornar um REPETENTE, mas até que funcionava.
Quando as crianças apresentavam trocas de fonemas passada
determinada idade, ou apresentavam dificuldades para mastigar, engolir, falar ou “babavam” em excesso os pais as
levavam na FONO e a “coisa” funcionava bem.
Quando se machucavam e ficavam muito tempo de gesso, ou
apresentavam dores ocasionadas pelo crescimento ou for movimentos repetitivos
faziam fisioterapia e a “coisa” também funcionava bem.
Existia diálogo, regras e tudo mais dentro de casa e na
escola, dificilmente as crianças precisavam recorrer aos serviços de psicologia
infantil.
Terapia Ocupacional mesmo praticamente ninguém conhecia,
somente os casos mais graves em que tinham que recorrer a dispositivos de auxílio,
adaptações, treinos para aprender ou reaprender as atividades de vida diária
bem como o escritor Marcelo Paiva retrata no livro Feliz Ano Velho. Ele teve
que reaprender a escovar os próprios dentes, com auxílio da terapeuta
ocupacional e de elásticos na escova de dente, após um mergulho mal sucedido
com resultado de fratura na coluna, os Terapeutas Ocupacionais atuavam mais em
grandes Centros de Reabilitação e Hospitais Psiquiátricos.
Bom, e hoje?
Hoje vejo PROFESSORES diagnosticando alunos inquietos ou
quietos demais com TDAH, Dislexia e Autismo e encaminhando para PSICÓLOGOS,
NEUROS E PSIQUIATRAS, ou pior ainda, TENTANDO pré-julgar que o aluno tenha
PROBLEMAS EMOCIONAIS porque moram com avós ou “Pais” e “Mães” diferentes,
enchem o caderno da criança com “PRECISA MELHORAR”, mas nunca explicam o que é
PRECISO de FATO MELHORAR, justificam que querem ajudar a criança mas não
imaginam o quanto as deixa deprimida e desestimulada a ESTUDAR e APRENDER. NÃO!
Garanto que a maioria das vezes a criança apresenta mudança de comportamento na
escola porque lhe falta um simples ELOGIO da professora e um pouquinho mais de
COMPREENSÃO e ESTÍMULO.
Vejo alunos sem respeito nenhum por si, pelos colegas e
principalmente pelos professores e pais.
Hoje vejo FONOAUDIÓLOGAS realizando atendimentos
particulares com valores absurdos justificando que sua TERAPIA não precisa se
complementar com nenhuma outra, então ela estimula a criança a AMARRAR OS
SAPATOS também, assim os pais não precisam gastar com TERAPEUTAS OCUPACIONAIS.
Vejo fonoaudiólogas “melhorando” a qualidade de vida do “aluno” porque aprender
ele não vai mesmo. Vejo FONO realizando atividades artesanais para TRABALHAR a
ANSIEDADE do aluno, ou ainda, aplicando joguinhos de computador ou tablets para
a criança ficar quietinha ou tentar realizar o exercício proposto para aí então
tratar a sialorréia, ou indicar ESPESSANTES em tudo quanto é comida e paciente para
evitar o engasgo, mas sem se cuidar com os malefícios que pode causar, principalmente
por excesso de SÓDIO.
Vejo FISIO que por vezes não sabe o que fazer com o “aluno”
porque ele já faz de tudo, corre, pula, sobe e desce e então resolve dar
DESENHO para pintar, porque trabalha a COORDENAÇÃO MOTORA FINA, vejo TERAPEUTA
OCUPACIONAL ganhar a conta por reivindicar seu direito quanto profissional e
explicar que determinando treinos de AVDs é de exclusividade do TERAPEUTA
OCUPACIONAL.
Vejo lugares onde PEDAGOGOS, fazem o TRABALHO do TERAPEUTA
OCUPACIONAL. CAPS deixam de contratar TO’S porque já possuem uma COSTUREIRA no
local e por aí vai.
Quando resolvi fazer faculdade de TERAPIA OCUPACIONAL, no
Manual do Estudando do ano de 1999 dizia que essa era a profissão do FUTURO,
mas não escolhi fazer por isso não, e os motivos não cabem neste desabafo, mas
ESTAVAM COM PLE TA MEN TE e RE DON DA MEN TE enganados.
Mas, isso é só a pontinha do ICEBERG, podem culpar PT, PSDB,
o Prefeito, o PAPA, o que for, enquanto não “REAPRENDERMOS” e/ou recuperarmos o
BÁSICO (com licença, por favor, obrigado, desculpa, de nada), O RESPEITO, nada
vai mudar, ou melhor, vai mudar sim, PARA MUUUITO PIOR.
Enquanto a aquisição de PODER, DINHEIRO e STATUS for mais
importante e o apontamento dos ERROS for sempre para o dos OUTROS, nada irá para
frente!
Não sou e nem quero ser melhor do que ninguém, cansei de
falar embasada nos decretos de Lei de cada profissão, o que é direito e dever
de cada profissional. Não sou professora, não sou fonoaudióloga, não sou
fisioterapeuta, não sou psicóloga, mas estudei anos e anos na FACULDADE para me
tornar TERAPEUTA OCUPACIONAL e tenho muito orgulho de mim por ter conseguido e
por ter abdicado de muita coisa para me tornar quem sou hoje e estar onde
estou, procuro me aperfeiçoar e atualizar o máximo possível para poder dar um
melhor atendimento aos que, quando necessário, passam por mim.
Temos tudo para fazermos um excelente trabalho, cada um contribuindo
com seus conhecimentos teórico-prático, podemos ir muito longe se cada um der o
suporte/ritmo/passo necessário de sua área para essa caminhada difícil, mas se
dois ou três de nós dermos um passo exatamente igual, não sairemos do lugar, estagnaremos
esperando que cada um volte com seu “passo”, ou pior ainda, TOMBAREMOS.
Daniela Freitas Vieira